Ask Google Guru:

quinta-feira, 29 de abril de 2010

FERNANDA



Chico assoviava feliz
a tristeza da sua Beatriz.

Jobim, com a palavra clara e precisa
fez eterna a sua Luíza.

Eu, que em minha alma já não sei quem manda
queria escrever sobre uma tal Fernanda.

Talvez protegê-la sob outro nome:
Renata, Erika, Mônica, Fabrícia, Ludmila, Carol...

Mas o amor só abrasa, não consome.
Eu sou fósforo, tua lembrança é álcool!

Não pretento ser um Buarque de Hollanda
para reinventar a incontestável Fernanda.

Não queria ser um Tom ou um Vinícius
para contar como ela domina minhas virtudes e meus vícios.

Deus dá, mesmo quando tira.
Levou-me o amor. Deixou-me a lira.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

ALTAR PARTICULAR



No meu altar particular

não há lugar para redenção.
Todos os salmos que posso cantar
são juras de amor em vão.


Com quem posso reclamar
se teus mal-feitos são permitidos pelo próprio Deus?
De que me vale o Sol imenso sobre o mar
se à noite não me guia o farol dos olhos teus?


Tu, que só querias algumas moedas
em troca de um toque em tua carne mesquinha.
Tu, por quem choro em segredo
deixou-me o triste vício de amar sozinho.


Quero esquecer do teu rosto,
mas poderia descrever com minúcia as tuas curvas.
A tua persona é vil e pobre: banquete sem gosto...
mas teu corpo e o meu são como a mão e a luva!


Anjo, eu queria te dar um nome,
mas tu não mereces.
A você dedicarei apenas
poemas, punhetas e preces.