Um poema feito a quatro mãos...
Por Thauan Raposo e Marcelo Sousa
Rio de Janeiro, Junho de 2011.
Moça, mesmo que eu vá agora
Saiba que não vou embora
Por enquanto, por espanto,
Petrifico nuvens, ponho fogo no mar
E o silêncio estrondoso do meu canto
É uma prece que teço sem pressa
Olhando teu vôo de ave-moça
Cheia de graça se despedindo
Dando adeus como quem quer ficar.
Moça, essa tua bossa
Parece chuva fina, água em poças,
Areia movediça, floresta de rimas
Que não rimam com verso algum
Porque teu vôo de ave-menina
Não deixa rastro no céu
Só o perfume de saudade
De quem ficou só na vontade
De capturar o que foi feito pra voar
Voar sem limite, sem véu,
Ao léu.
Moça, essa tua prosa, toda prosa
Esconde o mesmo que todas as rosas
Semeando cores e odores pelo caminho
Sem contar onde guardou seus espinhos.
Tua presença arrasta olhares para alhures
Brincando no céu como faz a gaivota
Fazendo seu ninho lá nas alturas
Onde minha alma de menino te procura.
Moça, teu olhar de quem perdeu o mapa
É puro charme, porque tua presença sem pressa
Traz nos gestos descomplicados e incontidos
Uma paz estranha, uma sabedoria enorme
de séculos sonhados mas não vividos
De risos precisos, preciosos, poderosos,
Que jamais deveriam ser interrompidos.
Moça, ave-menina cheia de graça,
Toda classuda, teu olhar nem disfarça
Que quando o sol aparece
Ou quando o vento muda
É você que manda, comanda, exige
Que as leis da Física te obedeçam
Enquanto você vai para além do tempo e do espaço
Deixando secretas vontades tatuadas nos meus ossos.
Moça, teus modos de ave marinha
São meu farol, minha bússola, estrela sobre o mar.
Não é preciso viver, só é preciso navegar.
Eu, bucaneiro sem rumo e sem rum
Sigo a navegar pra lugar nenhum.
Persigo teu vôo sem mapa, eu pirata
Traficando desejos tranqüilos como uma tormenta
Ouço trovões como se fossem uma fina bossa
E lembro que sou barco, e meu mar é você, moça!
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