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domingo, 19 de dezembro de 2010

CITAÇÕES DE ESTAMIRA

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Citações de Estamira


Estamira é uma mulher sexagenária, considerada louca por sua família e conhecidos, moradora de um lixão no Rio de Janeiro, que vive da reciclagem daquilo que para nós é lixo, mas que para ela e para muitos milhares de brasileiros é vida, simples assim.


Ela alterna estados de lucidez e fúria, vituperando contra forças ocultas, discursando altíssimas filosofias que seus companheiros de ofício, entre os cães e os urubus, mal compreendem. Seu discurso apocalíptico é entrecortado por sorrisos triunfantes, que só se perdem quando ela se enfurece com a humanidade, ou melhor, com a "esperteza ao contrário" de todos os que a cercam.


O filme de Marcos Prado é de 2005, mas é tão atual quanto o sol que nasceu hoje; e eu, poeta, não poderia deixar de registrar aqui essa minha lembrança recorrente, que mexeu com meu jeito de ver, descrever e escrever o mundo. Estamira é essencial, porque é simples. Estamira ("esta mira" / "esta paisagem" / "essa visão") é um daqueles espelhos onde a humanidade pouco gosta de se olhar.


"Eu trago a boa sorte, mas a minha sorte não é boa."



"Eu não sou como vocês, que são apenas robôs sanguíneos."


"A culpa é do hipócrita, mentiroso, e esperto ao contrário! Entendeu? É o que joga a pedra e esconde a mão!"


"Há o controle remoto. Veja, existe o controle remoto superior, natural... e há o artificial. O controle remoto é uma força assim quase como a luz, a eletricidade, por assim dizer. Agora é o seguinte: no homem, na sua carne estão os nervos, que são como cabos que transmitem as informações, como os cabos de eletricidade. Agora os deuses, que hoje são os cientistas, os técnicos... eles controlam, eles vêem até onde podem. Os cientistas, por meio de trocadilhos, de engodos, eles conseguem tudo. Por que o controle remoto nunca se queima, ele se distorce, gira. O cientista tem um medidor que revela, que controla. Tão simples, não?"


"Eu não sou feiticeira, não sou louca, não sou nada assim como a classificação que o homem produz. Eu sou livre, porque tenho o controle remoto natural, o superior!" 


"Neste mundo de maldades não tem mais o inocente. O que tem, isto sim, por todo lado, é o esperto ao contrário!"


"Você tem sua camisa, você está vestido, mas está suado. Você não vai tirar a sua camisa e jogar fora. você não pode fazer isso! Mas é assim que estão fazendo, de certa forma. Veja que isso aqui é um depósito dos restos. Ás vezes é só resto, mas ás vezes é só descuido. Resto e descuido! Quem revelou o homem como único ser condicional ensinou a conservar as coisas, e conservar é proteger, é cuidar, lavar, limpar, e usar o quanto pode. Mas o homem aprendeu a consumir e humilhar. Isso é o desperdício da coisa, e da alma."


"Eu vivo no lixo, mas não sou o lixo, sou o cuidado e a conservação, o que mantém o equilíbrio das coisas. Os cientistas enganaram Jesus. Ele não me vê, nem sabe de mim. E os cientistas não chegam até aqui, por isso o controle não me engana. A religião morreu, mas o controle remoto ainda existe, o natural e o artificial. Vive quem escolhe. Qual é o seu?"


"O homem torna-se visível quando nasce. Mas não é nascer de dentro da mãe, mas em sua realidade!"






http://www.estamira.com.br/
[Estamira, de Marcos Prado, Documentário, 2005]




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