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domingo, 23 de outubro de 2011

A FLAUTA DE PAN



Eis que do aço e do concreto
pode brotar uma semente de nuvem, de éter,
que por um milagre oculto, discreto, seja
o nascimento de algo terrível e lindo
que vira carne, e em seu cerne te beija
e te segura pela crina e te cavalga
e te chama pelo teu nome secreto
aquele que só tua alma conhece
aquele que aparece quando você geme
no mais safado prazer ou na mais dolorosa prece
e que funciona como os axiomas
como os ditames da Filosofia
como a flauta de Pan
que com ou sem rima
do fundo do abismo onde habita
chega, te toca, esfrega na tua cara
as mais raras verdades e as mais puras putarias
a música mais esquisita, as mais dissonantes notas
e as mais doces iguarias que a tua língua e teus ouvidos
poderiam ouvir. Pobre e afortunada alma:
um poeta tocou em ti!

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