Sabia do pó, da garganta seca, do turbilhão.
Conhecia o samba que as mãos fazem no vácuo do momento certo.
Imaginava paranauês: pernadas, ombradas, sopapos, nas capoeiras armadas pelo coração.
Temia as campinas, mas em frente seguiu; seguia. Poesia era semente plantada em peito aberto.
Sabia do pó. Da garganta seca brotava o brado.
Tudo em pé-de-guerra, tudo tranquilo para o que tem que estar desperto, esperto.
Conhecia o aboio tranquilo para guiar seus sonhos: verso-grunhido, jeito triste de tocar feliz o seu gado.
Capoeira se faz com corpos que descansam na revolta.
Vento vil, vento veloz, vento que acaricia o longe e maltrata o perto.
Paz de pássaro que descansa em pleno voo, na esteira esgarçada desse tempo que não volta.
A caravana passa, sem que os menestréis tenham tempo de cantar o Bem, as Boas Novas.
Sem pão nem piedade, todo homem sabe ser cão e gato, feto e fato, vilão e mártir.
Partir. Partir. Tudo se resume a um lento, pesaroso, porém delicioso, partir.
Por isso sigo, despedido de tudo à minha volta. Eis a prova: o mel deixado como rastro percebido no amargor dessa trova.
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