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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

CARNAVAL

O dia amanheceu
doendo.

Não era eu,
não poderia ser.

No bolso do pijama
trago sempre um sorriso amassado

para ser vestido logo cedo
e crer no bem que vence o mal.

Ainda assim, senti doer
os ossos quebradiços dessa manhã.

Fingi que não era comigo.
Levei o lixo para fora, varri dejetos.

Arrumei objetos no escritório
e tirei o pó de certas lembranças.

Mas doía, a dor roía
o dia pelas suas beiradas douradas.

Ouvi ritos de festa,
lembrei que era carnaval.

Recusei qualquer unguento,
não teci lamento.

Era a alvorada que doía,
chorando sua mágoa boreal

dos confins coloridos
da dolorida alma de deus.

Dolorido, cansado, alquebrado,
assim o dia amanheceu.

Repito,
era o dia que doía.

Era ele,
não eu.

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