Ask Google Guru:

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A FLORESTA QUE SE MOVE




Paro. 
A floresta se move.
A montanha, veloz,

contorna o aro 
quebrado dos meus óculos. 
A luz cai pesada sobre meus ombros.

Os escombros 
da minha alma não me cabem 
na palma da mão direita. 

Um gato se deita
sobre a minha sombra.
Um cão andaluz paira na tela.

Peço ajuda.
Ninguém ouve.
Aplausos na plateia.

Uma torre branca
está para cair: seus cabelos
pegam fogo, ela não grita.

O cavalo amarelo, 
um bispo negro, um galo
português, um falcão maltês,

um monge cego,
a estrela negra ardendo em pleno dia.
Os signos estão postos, em vão.

Não morrerei.
Nem vivo. Comemoro:
a ruína é um berço de ouro.

Paro.
Quebrado, o aro
dos meus óculos

acompanha a curva
do horizonte que se afasta.
Meu poema é uma floresta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário