A floresta se move.
A montanha, veloz,
contorna o aro
quebrado dos meus óculos.
A luz cai pesada sobre meus ombros.
Os escombros
da minha alma não me cabem
na palma da mão direita.
Um gato se deita
sobre a minha sombra.
Um cão andaluz paira na tela.
Peço ajuda.
Ninguém ouve.
Aplausos na plateia.
Uma torre branca
está para cair: seus cabelos
pegam fogo, ela não grita.
O cavalo amarelo,
um bispo negro, um galo
português, um falcão maltês,
um monge cego,
a estrela negra ardendo em pleno dia.
Os signos estão postos, em vão.
Não morrerei.
Nem vivo. Comemoro:
a ruína é um berço de ouro.
Paro.
Quebrado, o aro
dos meus óculos
acompanha a curva
do horizonte que se afasta.
Meu poema é uma floresta.
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