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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O ANJO DA ALVORADA



Uma fresta
reluz no céu coalhado
de estrelas.

Algumas são mais belas,
outras, quase apagadas,
são fim de festa.

Estamos quase acordados,
e quase amanhece: 
o arcanjo Miguel 

sonha conosco 
e molha a cama. 
Seu corpo têso, 

de barro e louça
quase quebra.
Ele chora? 

Fala com os peixes? 
É licor? Mel?
Breu de vela?

A moça na cama
não vê que a luz pinga
sobre ela.

Outros anjos,
outros homens
devem levantar-se

agora. Viver
é urgente, tarefa diária
para a qual não há protesto.

O anjo se esvai
na melodia da alvorada
dispensando seus amplexos.

Suas asas derretem? 
Ou ele sonha 
que tem sexo?

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