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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O TRIVIAL



Não venha me contar de heroísmos, de grandes feitos,
de porres homéricos, de amores feéricos, de viagens á America.
Não cantes teus poemas da alcova, versos de malandro ou marginal.
O que me interessa é aquela paz da rotina, a rima cotidiana,
a pitadinha de sal que nos faz mais gostosos, posto que mais humanos.
Quando me pega pelas ancas, lavando louça molhando o seio 
que se entumesce com a água fria e seu toque,
ajoelhando-me pra recolher do chão, tudo que derrubamos na ânsia, 
não resisto à ocasião...o teu roçar quase imperceptível
derrama um calor incrível, enquanto mexo meu caldeirão,
essas coisinhas de cama, banho, cozinha, essa vidinha gostosa 
de cabelos desgrenhados e calça de moletom. Você sem vergonha, eu sem batom
no meio da tarde, trocando carícias, cantando qualquer música brega e fora do tom.
Conta-me a tua vida banal, porque é assim que te quero.
Muito esmero, muito cuidado, muito cálculo... tudo muito artificial.
Viva a banalidade, porque é no trivial que a gente descobre quem é genial!

Marcelo Sousa e Marfiza de França , Cadernos Particulares.

3 comentários:

  1. Obrigada querido. Você é um craque. Foi um prazer escrever com vc. Beijo banal.

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  2. Marfiza, musa, e agora parceira de poesia. Minha alma se contorce em gozos metafísicos, rs rs rs...

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