Ask Google Guru:

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

MARTELO DE AÇO EM SINOS DE CRISTAL





O que sabemos um do outro
Além do pouco de luz
Que nossos olhos escuros
Deixam escapar?

O jeito de conhecer bem rente
Como peixe agarrado num anzol
Ou gado marcado a ferro quente.
Os riscos, os discos, os carinhos
Como navalha em corpo arfante.

Sabe-me humano, finito, sozinho
Neste sinuoso caminho que atravesso 
Sobre as águas, mirando horizontes
Entre alegrias e mágoas
Como timoneiro-palhaço-equilibrista 
A vencer essas margens sem pontes. 

Meu texto calejado
Auscuta, inquire e sonda.
Torna-se carne-viva, resultado 
Do vai-e-vem das ondas, 
Da fluidez do existir,
Ato-efeito de insistir
Em ser, apenas ser
Às vezes água
Torpor oceânico
Noutras vezes magma
Terror vulcânico.

Lâmina, líquido, álcool, navalha,
Sou, somos, para o bem e para o mal
Estátuas de sal que ousaram
Na fuga, olhar para trás.
Sobre o mármore do mundo,
Para além do bem e do mal
Somos filhos do absurdo,
Estátuas de puro sal.

Somos, seremos, sempre meninos,
Ou coisa que o valha, talvez algo mais,
A badalar linda e perigosamente
Com martelo de aço
Estes sinos de cristal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário