Estive e fui.
Sobretudo tive.
Hoje, flutuo
com pesos
nos artelhos.
Do alto,
pareço estar
ainda de joelhos.
Divago
com pressa.
Cobram-me abraços
e sorrisos espremidos:
entrementes, entredentes,
é estridente o som deste
silêncio.
Estive. Fui.
Tive. Mas dói
saber que foi tardio
compreender que toda dor
vinha do peso, da posse, dos ossos
cansados, loucos pra ser penas,
talvez plumas, e voar.
Apenas.
Mas
preciso demais
de um pouco mais de tempo
e umas poucas coisas que muito
custam chegar, porque aqui do alto
fica difícil alcançá-las: quem
me entender, não diga.
Estive. Fui.
Tive. Agora toco
ágoras douradas
com as pontas dos meus pés.
"Viver é foda. Morrer é difícil."
Há de se ter paciência
e alguma pressa.
Pisar a lama
tendo nuvens na cabeça.
sapatear, meu bem, sapatear
miudinho, como a palmeira
que penteia os cabelos
na tempestade.
A gente vive mesmo
é quando não quer
nem precisa.
Deve
ser por isso
que a vida é preciosa.
Minhas filosofias
derreteram-se no último verão.
Os blocos passam, passarão.
Até as moças, oh, as moças,
por baixo da purpurina
e do cetim, também
são carne e osso.
Tudo é possível.
Mas nem tudo se pode,
disse aquele que me fortalece.
Minhas preces sobem e descem,
descem e sobem, na partitura.
Hoje fluo, quase voo.
As correntes balançam no ar.
E o som que elas fazem, ao tilintar
inúteis e pesadas, é lindo!
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