Ask Google Guru:

domingo, 7 de fevereiro de 2016

ALEGORIAS E ADEREÇOS

Estive e fui.
Sobretudo tive.

Hoje, flutuo 
com pesos 
nos artelhos.

Do alto, 
pareço estar 
ainda de joelhos.

Divago
com pressa.
Cobram-me abraços
e sorrisos espremidos:
entrementes, entredentes,
é estridente o som deste
silêncio.

Estive. Fui.
Tive. Mas dói
saber que foi tardio
compreender que toda dor
vinha do peso, da posse, dos ossos
cansados, loucos pra ser penas,
talvez plumas, e voar. 
Apenas.

Mas 
preciso demais
de um pouco mais de tempo
e umas poucas coisas que muito
custam chegar, porque aqui do alto
fica difícil alcançá-las: quem
me entender, não diga.

Estive. Fui.
Tive. Agora toco
ágoras douradas 
com as pontas dos meus pés.
"Viver é foda. Morrer é difícil."
Há de se ter paciência
e alguma pressa.

Pisar a lama
tendo nuvens na cabeça.
sapatear, meu bem, sapatear
miudinho, como a palmeira
que penteia os cabelos
na tempestade.

A gente vive mesmo
é quando não quer
nem precisa.

Deve
ser por isso
que a vida é preciosa.

Minhas filosofias
derreteram-se no último verão.
Os blocos passam, passarão.
Até as moças, oh, as moças,
por baixo da purpurina
e do cetim, também
são carne e osso.

Tudo é possível.
Mas nem tudo se pode,
disse aquele que me fortalece.
Minhas preces sobem e descem,
descem e sobem, na partitura.

Hoje fluo, quase voo.
As correntes balançam no ar.
E o som que elas fazem, ao tilintar
inúteis e pesadas, é lindo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário