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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ANTES DO SONO




Não sou eu
mas meus olhos,
ventanelas semicerradas
segurando a hora última,
íntima, ínfima, antes
do sono.

Uma torre de marfim
queima esplendidamente
no horizonte crepuscular.

Os ratos cantam,
contam segredos,
fazem dos gatos seus
brinquedos, tocam jazz,
declamam poemas, oram, 
pedem a Deus que salve
suas almas pequenas,
e riem do seu próprio
destino.

Estou feliz
e finito.

Cada minuto
de calma, na fotografia,
parece uma festa de cegos
lambendo celulóides
de cromo.

Estou feliz
e finito.

Não sou eu
mas meus olhos,
ventanelas semicerradas
segurando a hora última,
íntima, ínfima, antes
do sono.

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