eu esteja morto
como a luz que beija
a pele fria de uma estrela anã
ou deveras torto, torto como a linha reta
outrora traçada pelo pincel de um holandês
apaixonado, de orelha cortada, afogado em azuis
de cobalto coruscante e amarelos pungentes,
rascantes, deliciosos como a maçã mordida
por um casal de bobos, expulsos
do paraíso, naquela (nesta)
manhã prateada, congelada
no dedo (de deus, esperto)
que aponta o deserto
e com carinho
condena.
Talvez
a pena que escreve
persiga a pena que se paga
ao fazer o poema: nada, nada
pode perdoar essa nossa falha.
Sonhei com o umbigo ambíguo
de uma quase amiga, a tez branca
salpicada de estrelinhas coradas
e nas entrelinhas (proibidas)
a palavra dada, oferecida
com a relutância franca
de quem faz uma prece
pedindo pressa, muita
pressa aos deuses
- que voltem logo
mas não agora.
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