É preciso passar graciosamente
entre os escombros esquecendo
(talvez) a rima: que tudo, tudo seja
como o facho que arde e ilumina,
maravilhoso como a luz que beija
a face rubra de quem está para morrer
ou a escuridão tranquila
que desafoga aquele que nasce
mesmo sem querer,
qualquer favela carioca
tenha os becos dourados de Roma,
em qualquer ladeira
as lajes prateadas de Paris,
todo morro, toda baixada, as colinas
nevadas do Japão,
toda flor murcha
sob nossos pés seja linda
como a rosa entre a ti, amor,
por outras mãos,
e toda pedra maldita,
toda rocha de tropeço
seja o pódio em que uma glória
magoada, dolorida,
reflita a boa hora
em que receberemos, triunfantes,
entre lágrimas e aplausos a força divina
do recomeço.
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