Aceitemos as rosas
e seus espinhos.
As pedras e
os caminhos.
A palmeira
e a erva
daninha.
O hálito, o respiro,
o oxigênio queimando
na sagrada pira, e o mundo
que roda, roda, dá voltas,
mas não gira: o mundo
pára, estaca, olha, mira,
mas não vê.
O inferno,
o eterno, o outro,
o estrangeiro
e você. O teatro
dos vampiros,
os tiros na tevê.
A paixão
e a rotina.
O afago, a repulsa.
Andrômeda, Cassiopéia,
mas também Teseu e a Ursa
Maior. O gozo, esposo
da dor.
Os bandolins
e os violões.
Um sim
com muitos senões.
Os turcos, os mandarins,
americanos e alemães.
As fadas, o fado.
As palmas
e os safanões.
Os santos
e os sãos.
As tintas
e os borrões.
Os sonhos
e as manhãs.
As dentaduras,
as maçãs.
As nações
e as guerras.
A terra,
as cercas.
Os gatos
nos becos.
O cinza,
o branco e
o preto.
Os poetas
e essa desesperança
festiva, quase alegre,
regada à palavra
e por ela ferida
mortalmente.
E o verso
semi-novo, o ovo
do filósofo, o magma,
o gelo, o feio, o mais
feio, e o belo, na berlinda,
a linda flor
no prelo.
O sopro
empurrado pelo
diafragma, o canto,
o pranto e o confete,
a festa, o texto,
o poema, este
poema, esse
versinho, essa trova,
pó, carvão, diamante,
pólvora.
A coisa
nova, o refrão,
o poema, ah esse
poema que se repete
e se repete novamente,
tão ruim, tão bonito,
tão aflito, tão valente,
repetindo, repetindo,
repetido (...)
mortalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário