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domingo, 14 de setembro de 2014

SERPENTINA



Os platonismos, suculentos, à mesa.
Eu sem dentes pedindo a sobremesa.

As transferências saltando da tela.
Eu sem espelhos, mirando os olhos dele pensando nela.

Os falsos profetas e os erros de diagnóstico. As inferências
logo ali onde a carne faz governo e a mente não tem gerência.

O ódio no prelo, o dolo num átrio, a pátria da fala e do falo
existindo onde os signos se propugnam, e eu me calo, apenas me calo.

O amor no deserto; as mãos, espertas, chamam.
Decerto que um erro me acerta, brota no peito em ramas.

Perante a palavra não-dita, todas as escrituras sagradas
serão benditas, e por isso mesmo deverão ser apagadas.

Há um poema em algum lugar
onde oceano é lágrima, e uma gota é mar.

Esconder-se, apenas sob os holofotes.
Onde não se vê a serpente, ali é que ela dá o bote.

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