Na absurda hora
em que o amante na treva se assemelha
ao crente que perante uma vela se ajoelha
assim estarei eu, poeta, amando sozinho.
Na absurda hora
em que irmãos em guerra trazem vergonha a Deus
e os santos na taberna vendem suas almas aos ateus
assim estarei eu, poeta, num triste caminho.
Se algum dia houve
hora mais absurda que esta
não saberei, pois amo, e amar é uma cegueira
que se adquire por própria vontade.
Se algum dia houve
hora mais perfeita para o martírio ou para uma festa
não posso saber, pois em verso, prosa e demais maneiras
tento sem sucesso dar corpo a este sentimento torto chamado saudade.
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