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domingo, 27 de novembro de 2011

A OSTRA E O VENTO






Preenche-me com teu sorriso, 
teu corpo, tuas vontades, 
tua força e tua fragilidade. 
O teu perfume e os contornos da tua boca 
e a forma com que você tira os cabelos da frente do rosto... 
Ah, que delícia! Que delícia!
Eu observo, de longe, 
como um monge
contempla a lua
mas queria observar-te de perto:
poeta, esperto, queria observar-te toda nua
mas tua concha de madrepérola flutua
no mar dançando ao sabor do vento
ao sabor das marés, eu catando conchas
ajoelhado aos teus pés, perverso
querendo abrir-te não com faca
mas com a aguda ponta dos meus versos
mas tu resistes, não te abrirás facilmente
àquele que simplesmente chegar sem saber a senha
a palavra mágica que a brisa sussurra 
por baixo da saia do tempo
eu, poeta, esperto, passo as noites atento 
porém fraco, confesso, estou faminto
para saber o que esta concha guarda por dentro!






- Marcelo Sousa, Cadernos Particulares.

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