Não há o choro.
Nem ouro escondido.
Nem poema-pranto, nem espanto.
Ninguém terá fome de pão nem da carne do outro.
Ninguém terá sede daquilo que corre em minhas veias.
Os carrancudos, que se desarmem.
Os sedentos de lágrimas, que esperem.
Os ávidos pelo sofrimento performático, que aguardem.
As matronas carpideiras que engulam o momento de sofrer.
Hoje não haverão versos de dor, nem cantares do amor desvalido.
Não virão fantasmas me assombrar. O ectoplasma da morte não virá.
Ninguém hoje pode morrer. Eu decreto! Está decidido!
Que todos sejam imortais, ao menos por um dia.
E que hajam sorrisos, de velhos e crianças.
Que os pobres paguem seus impostos.
Que os ricos doem suas posses.
Que os medianos tenham a medida certa da verdade.
Que os miseráveis se regozijem na própria fossa.
Que os maltrapilhos vistam cartolas.
Que a polícia prenda os bandidos.
Que os bandidos encontrem um tesouro.
Que todo ouro do mundo vire purpurina.
E que os unicórnios habitem as cidades.
Que haja alegria e esperança.
Que seja domingo.
Hoje é domingo.
Mas a missa não virá.
Nenhum salvador está pregado na cruz.
Hoje o poeta é deus. E o evangelho escrito é o meu!
Hoje a poesia canta alegria, alegria!
E que das trevas se faça a luz.
Que seja domingo.
Hoje é domingo.
Mas a missa não virá.
Nenhum salvador está pregado na cruz.
Hoje o poeta é deus. E o evangelho escrito é o meu!
Hoje a poesia canta alegria, alegria!
E que das trevas se faça a luz.
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