Creia, o que se mostra platônico,
Está muito longe do artificial, do biônico.
Antes, encerra em si poderes atômicos,
E percorre caminhos docemente ocultos,
Por destinos que meticulosamente ao léu
Acabam sendo pontualmente britânicos
A arrancar-nos todos os véus
E morder a carne, e lamber os ossos
Deixando na face do apaixonado um sorriso
Bobo, irônico:
Posso, mas não quero;
Desejo, mas não posso!
O ócio da pele demanda o toque,
Assim como o silêncio
Pede gemido, bossa e rock.
Assim é amar em segredo,
Ou nem tanto:
O que não se diz sorrindo
Talvez se diga melhor em pranto.
Eis o poder maior do amor platônico,
Ele rola poderoso
Como os trovões no céu,
Ou escorre vagaroso
Como abelhas a engendrar seu mel,
E sempre magoa, flutua maltratando
Sem perder seu perfume balsâmico
Como o seio da terra sangra
Sem alarde o magma vulcânico.
[ Sobre o amor, e outras doenças deliciosas. ]
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