Ask Google Guru:
domingo, 17 de agosto de 2014
AJNA
Lavo meus pés de açúcar
no orvalho frio que a alvorada chora.
Sorrio, pois agora desfaz-se em pó
o caminho traçado pelo teu olhar.
Obedeço o pio de pássaros ignorados
e guardo entre as sobrancelhas cansadas
uma pergunta que não precisa ser respondida
pois flutua silente à margem do ribeirão da vida.
O bojo de um sol ainda menino
cavalga campinas que meditam em paz
na foz de um tempo que não tem dono
onde a lua-moça esconde meu sono.
Enterro as mãos pretas na seiva de um nenúfar
que desabrocha cedo na testa franzida da manhã.
O canto breve da esperança inaugura o dia de par em par.
Geleiras frigem cacos de luz:
os primeiros azuis beijam
as pálpebras pesadas do mar.
Que o primeiro poema deste dia seja
um canto feliz para dizer adeus
aos que ainda estão para chegar.
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