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sábado, 2 de agosto de 2014

VOCÊ VAI QUERER UM FÍSICO NO SEU FUNERAL




Aqui vai uma tradução livre, muito livre, com algumas adições poéticas minhas (peço licença) do excelente texto "You Want A Physicist To Speak At Your Funeral" do jornalista americano Aaron Freeman. 

VOCÊ VAI QUERER UM FÍSICO NO SEU FUNERAL 

No meio de tantas perdas e tantos questionamentos sobre o medo da perda, eu, perdido num mar de idéias e crenças, procuro o Cosmo, e espero que o Infinito me conceda senão sabedoria, ao menos conforto. E no meio de tantas perguntas, rascunho sobre os rascunhos de um jornalista que tinha as mesmas questões, eternas, perenes, sobre essa partida, que deve ser apenas um até logo.

A vida é um sopro. E o fôlego do universo não cessa.

Você vai querer um Físico no seu funeral, podes crer.  E sigo explicando (apostolando, advogando, tentando te convencer sobre) o motivo disso...

Você vai querer que ele explique aos seus familiares em luto sobre a 'Lei da Conservação da Energia', e então eles vão entender que sua energia não acabou quando você morreu. Você vai querer que o Físico lembre a sua mãe soluçante sobre a 'Primeira Lei da Termodinâmica', explicando que nenhuma energia é criada no universo, e nenhuma é destruída. Você vai querer que a sua mãe saiba que toda energia, cada vibração, cada BTU de calor, cada onda de cada partícula que constituía seu amado filho permanece com ela no mundo. Você vai querer que o físico lembre a seu triste pai que em meio a energia de todo o cosmos, você ainda existe. Você persiste, não sob a mesma forma, mas em diferentes espectros energéticos.

Em um certo momento, você esperará que o Físico desça do púlpito e caminhe em direção a seu marido desolado, ou sua esposa de coração partido, explicando a ele que todos os fótons que um dia saltaram do seu rosto, todas as partículas cujas trajetórias foram interrompidas pelo seu sorriso, ou pelo toque dos seus cabelos, centenas de trilhões de partículas que corriam por aí como crianças, tiveram seus caminhos modificados para sempre por sua causa. E quando o seu amor se atirar nos braços dos familiares procurando por conforto, que o Físico explique que todos os fótons emanados de você foram reunidos nesse belíssimo detector de partículas que são os olhos dele, e que esses fótons, criados dentro da constelação de neurônios eletromagneticamente carregados por dele, existirão para sempre. Para todo o sempre!

E o Físico lembrará a todos que muito da nossa energia é perdida na forma de calor. E enquanto ele explica isso, muitas pessoas estarão se abanando devido ao calor deste dia, ou se protegendo do frio, que seja. Então ele vai explicar que o calor que fluía através de você enquanto você vivia ainda está aqui e é parte do todo que nós somos. As trocas energéticas são isso mesmo: trocas. E todas as energias trocadas seguem se transfigurando infinitamente.

E você vai querer que o Físico explique àqueles que te amaram que eles não precisam ter fé ou religião. Mas eles podem ter, se quiserem, pois a fé é um conforto, também. E a fé com sabedoria é difícil, mas não impossível. E mesmo o impossível deveria ser desejável a todos nós, pois tudo é impossível até que alguém o faça. 

Ele vai explicar também que os cientistas conseguem medir e quantificar muitas coisas, e que eles já concluíram o quanto a 'Lei da Conservação da Energia' é acurada, verificável e consistente através do tempo e espaço. Então a sua família procurará pelas evidências e ficará satisfeita ao descobrir que a ciência é sólida e que eles podem, portanto, sentir um conforto enorme ao lembrar que a sua energia ainda está por aqui. De acordo com a 'Lei da Conversação da Energia', nem um pouquinho sequer de você vai embora com a morte; você apenas passa a existir de outra forma, uma forma menos organizada, porém mais livre. E isso, eu creio, é voltar ao seio do Universo, o que muitos chamarão de voltar ao 'Cosmos' ou a 'O Criador'.

Amém.

[Marcelo Sousa (Agosto de 2014) d'aprés Aaron Freeman (Junho de 2005)]

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