Por um buraco de minhoca
a boca deste que morre
suga o ar do outro lado
onde o finado está-estava-estará
vivo.
No oco de um tempo-espaço
que se dobra sobre si
e forma a mais perfeita
e perplexa equação:
o homem é o seu contexto
e a sua vontade, sua salvação.
O homem
que nasce-cresce-reproduz-e-morre
já não precisa existir para saber
que viveu, amou, lutou, sorriu, chorou,
ganhou e perdeu.
O homem que não existe
está ali, descrito, escrito,
conscrito, inscrito, infinito
no poema que ele mesmo
(não) escreveu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário