A armadura negra do homem nu
brilha sob o sol pesado de janeiro.
A carapaça luzidia do bicho pelado
protege do carinho, não do chicote.
Sob o açoite de cada hora que passa
ele precisa cumprir deveres, suportar olhares
e cumprimentar com a cara boa dos fodidos.
A boca beiçuda ri, os olhos vermelhos choram,
mas a cabeça não baixa, e as mãos não imploram.
Homem preto de alma cor de chumbo,
na lama do mundo procuras teus tesouros.
Arrancando suas últimas penas, o bicho alado
sorri olhando para o alto, para os deuses,
para as luzes azuis dos olhos do mestre
que promete vida, e vida em abundância
quando ele, o guerreiro negro sem sorte
só queria descansar a mão (que já não traz a espada)
e o corpo feio e forte, nos braços dourados
de uma boa morte.
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