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domingo, 4 de janeiro de 2015

POMPÉIA





Há flores novas crescendo no solo negro e quebradiço.
Algumas casas resistiram, os lares, mesmo os menores, 
são maiores que qualquer mero edifício.

Quando o Vesúvio acordou de um sono intranquilo
o sol envergonhado cobriu sua face dourada
e a lua chorou lágrimas de sal sobre o mar.

Marés de condenados assomaram sobre as campinas
que amarelavam em labaredas de um inútil desespero
enquanto os deuses se fartavam de gargalhar.

Em alguns cantos da cidade desolada, 
mãos frágeis, humanas, se procuravam
na escuridão fria que precedeu o inferno.

Quando as cinzas faiscantes cimentaram a paz de Pompéia
o mundo calou, desfeito em chamas que lamberam do cais às montanhas
varrendo poemas, evangelhos, jornais, homens, crianças, e tudo mais.

N'alguns cantos da metrópole que ruía,
restaram estátuas eternamente abraçadas, lindas, 
que venceram as brasas do grande Vesúvio.

A tola montanha, hoje apagada, é apenas a sombra
de algo maior, mais belo, mais forte, 
porque o vulcão, dono da morte,

não conseguiu apagar a chama voraz 
que violentamente ainda queima no peito 
daquelas estátuas de cinza e esperança.

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