A melancolia bonita do fosso negro desses olhos.
O sorriso velado, a sombra de um sorriso de mel e mágoa.
A boca silente, que diz tanto. E o pranto já engolido, a seco.
O queixo moldado à faca. O corte exato da perfeita inexatidão.
O coração de papel na tempestade, pulsando revoluto.
A bruta resposta do teu grito, menor que quando te calas.
O tempo gasto com o que jamais foi possível.
A força incrível de todas as sutilezas, tudo o que nos falta.
O maralto, onde todas as vozes soçobram, naufragam.
O último gole, um trago, uma baforada, o teu arpejo.
O ensejo propício, mas não necessário. Tudo é lindo, e precário.
A legenda na foto, que não faz jus a todos os fatos.
O que não se diz e muito se entende, gravado no retrato.
A traição do corpo, mantendo ao espírito lealdade.
Tudo aconteceu, mas nem tudo é verdade.
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