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quarta-feira, 23 de julho de 2014

A MAÇÃ




Algo fora de mim
emerge das margens disto que sou
e entre a origem e o fim de todos nós
sussurra um poema em alto e bom som.
Através do espelho, ele mira, vigia, respira.
Exala pelos poros sons de atabaques eletrônicos.
Seus grafemas versejam sobre antigas tecnologias,
o espírito ruminando sobre despojos sub-atômicos,
sua carne é forte, o tecido é virtual, virulento, violento,
mas desliza docemente entre os gametas das ovelhas.

Uma nova Eva para um velho Adão repetem sonhando
toda a tragicômica epopéia do animal pós-humano.
Os cabos tesos, a boca entreaberta, o cerebelo ereto, 
o gozo de mil yottabytes entre as coxas do bem e do mal
e finalmente o riso histriônico (biônico) do último poeta,
desvairado profeta de um armagedom de flores de plástico
às portas das catedrais iluminadas com luz neon
chamando os homens de todos os povos, 
declamando sua loucura aos berros:
mordam comigo, mordam comigo
esta bendita maçã de ferro!

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