Quantas margens tem um rio sem foz,
cujas águas apenas imaginadas
rugem quase sem voz?
Quantas margens tem um rio
que corre lentamente em vão
sobre um esteio sem chão?
Quantas margens subsistem
sob o karma de múltiplas e múltiplas existências
gastas numa alegria melancólica e num gozar tão triste?
Quantas margens tem
este curso d'água evaporada,
como mágoa que dói, e não mais existe?
Quantas margens tem
o córrego rubro que segue em artéria ignorada
se não houver amor, dor, paixão, ilusão ou nada?
[Água que não sacia, nem afoga,
não vale pra nada.]
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