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segunda-feira, 14 de julho de 2014

O CETRO CAÍDO



O rei e eu

do alto da torre vimos

centenas de milhares de espelhos partidos

mas de longe não percebemos que apenas um

apenas um reluzia, apenas um existia, apenas um 

espelho partido em centenas de milhares 

de estrelas prateadas

que com suas pontas afiadas 

machucavam o olhar

dos cegos do castelo, 

que choravam de alegria

de alegria, de alegria, 

de uma desabalada 

alegria.


O breu

nos olhos do rei

apenas os cegos do castelo

percebiam, sabiam, viam 

no céu, no véu rasgado, no meu

gesto de menino velho, o teu

filho, porto, ilha, semente e raiz, feliz

resumido em centenas de milhares de olhares

vazados por um espelho partido em estrelas

cadentes, cometas, gametas, suspiros

no giro do cetro caído e no clamor singelo

do cristal quebrado, que na noite mais bela

anuncia: está morto, está posto, está dado

o toque do clarim, reina em mim, enfim,

o herói que jamais fostes, filho, pai, posto

no alto de uma torre de marfim

para a alegria dos olhos vazados

dos cegos que hoje choram

de alegria, de alegria, 

de uma desabalada 

alegria.


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