Para uns, pedra e tijolo.
Para outros, palavra e nuvem.
Para os espertos, a multidão.
Para os sábios, a solidão.
Para as esposas ricas
e jovens, que enviúvem.
Para o aniversariante,
paz e mil estrelas
para assoprar
no bolo.
Para a superfície,
o poder.
Para as profundezas,
poder também.
Para o que espera,
um trem.
Para as quimeras,
o que vem mas não
vem.
Para todos,
quem?
Para qualquer um,
ninguém.
Para o sonhador, o bem-
querer, e o viver para sempre
sem medo.
Para o trovador, quem
quiser ouvir, aplaudir,
jogar moeda.
Para os sinos,
um dobrado.
Para os meninos,
o recado.
Para o sucesso,
aplauso.
Para o tropeço,
também.
Para a rima
o descompasso.
Para a canção
a dissonância.
Para as quiálteras, dedos
correndo sobre o marfim
e os olhos no horizonte
de uma partitura
que não tem fim.
Para os de baixo, faço
um poema-exaltação.
Para os de cima
talvez eu peça perdão.
Para todo sim
um não.
Para mim, o céu
ou melhor, um pedaço
de chão.
Para os pequenos, o futuro.
Para os grandes demais,
os muros.
Para a república, opinião.
Para a vontade, a questão.
Para as vírgulas,
interrogação.
Para os pontos,
continuação.
Para toda a vida
as pedras no caminho.
Para as estradas mais longas,
não estar sempre sozinho.
Par quem ama para sempre,
não amar todos os dias.
Para os cientistas,
poesia.
Para todos, jamais
apenas o que merecerem.
Para o mundo,
o que os olhos não virem.
Para quem vem,
os devires.
Para quem tem,
os quereres.
Para os vãos,
os deveres.
Para os que nada podem,
os poderes.
Para a superfície,
os vícios.
Para os dias difíceis,
pipoca doce, refrigerante
e fogos de artifício.
Para poucos,
o que cada um valer.
Para ninguém,
o que se escolher.
A questão é
(e não é )
simplesmente ser
ou não ser.
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