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terça-feira, 6 de outubro de 2015

F(r)ESTA




Sobre a curva do lábio 
a fenda d'uma aurora.

A trave que segura 
teu riso de repente desaba. 

Cai.
Vai longe a lua, 

água turva deitada 
no caminho.

Há música
onde os brutos gritam.

Com o dedo anelar
risca um poema

no ar, na tarde
que te olha de joelhos.

De azul, fez-se vermelho
o olho vazado do firmamento.

És veloz, mas
morres de tédio.

Se pudesse, eu diria
em teus ouvidos caolhos

que invejo
tuas mãos cegas

tateando vias
tortas em minha escrita.

Gárrulas, garranchos.
Desce o pano,

mas um gancho
retém o poente, lindo.

Ainda é noite
sobre o oceano.

Finda
a dor, o que resta?

Um beijo 
na testa, um aceno

um rasgo
na jugular?

Julgo saber
menos que o pó

dos teus artelhos.
Tudo é comédia.

Uma boca desdentada
desdenha desfechos possíveis.

Reconheço
que por uma fresta

podemos escapar,
sobreviver, vencer.

Desço
à primeira esperança

sabendo que viver
é um enorme

baile de máscaras,
mas não uma festa.

Dai-me forças,
peço à moça que dorme

coçando feridas
imaginárias, dessas

que doem mais
quando amanhece.

Tudo é comédia.
Todo abismo

merece 
um sorriso.

És veloz, mas
morres de tédio:

teu destino
é terrível, mas

como é linda
a tua tragédia!





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