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sábado, 15 de junho de 2013

FAVOS DE MEL





Tenho preguiça de ficar doente, de deitar na cama e fazer versinhos sobre minúcias do pneumotórax, da anemia, do assalto, do sequestro, da falta de usura, de toda desventura. Não que eu viva num mundo perfeito. De assaltos e outras aventuras já fui eleito. De malfeitos já sofri à vontade. Mas se me roubam duas moedas, não deixo que levem juntos também minha liberdade. Não sem lutar! Ou melhor, não sem antes sentar e relaxar. 

O que se há de fazer? Depois desses momentos, o gostoso é caminhar sorrindo na multidão, tomar um sorvete de casquinha, flertar com as meninas na rua, sorrir para o sol ou para a lua, sacudir a poeira e trabalhar. Costumo trabalhar, trabalhar, trabalhar, e quando algo ameaça falhar, eu corro para a floresta, escalo montanhas, exploro cavernas, surfo em águas frias, deixo as cachoeiras lavarem meu corpo e levarem embora os pensamentos tortos. 

Saio na chuva, saio na noite, pulo muros com os gatos pardos, vou a bibliotecas cheirar livros velhos, vou a restaurantes sentar e conversar com o maitre, jogar conversa fora entre vinhos e queijos. Andar pelas ruas perigosas do Centro, entre putas e ladrões. O que se há de perder? Meu coração, pedra vulcânica? Minha alma, borboleta fugidia? Ah, não, não me detenho com medo de tragédias, sejam elas vividas ou inventadas. Medo é bom, deixa a gente alerta. Mas não namore com seu medo. Não case com ele. Com o medo a gente apenas flerta! 

Há tantos remédios e clínicas, tanto tratamento. Pra quê? Por quê? Se existe poesia espalhada por aí, se tens mãos, pernas, braços, e um coração pronto para os feitos mais bravos...por que choramingar? A vida te dá o mel em favos, mas uma ou outra abelha há de te ferroar. Quem tem medo de um simples zumbido, deste mel jamais provará!


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