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domingo, 16 de junho de 2013

DIVAGO





Divago.
Ditongos me hiatam.
Aparta-me de toda rima rica.
Afasta de mim este cálice.
Traga-me odres de vinho e fel.
Desato o fecho da prosa.
Meu canto é espada e broquel.
Nada de rosa vermelha para as moças.
Nem dedos tamborilando a fina bossa.
Quero calma de copo de pinga.
Olhar a ginga dos quadris ao longe.
Estou velho para o flerte.
Mas não me falta a mão forte.
Pra segurar nas ancas da rima boa.
Divago. Como é bom estar à toa.
Delongo em milongas úteis.
Adoro subir montanhas.
Porém melhor é descer escadas.
Bem fundo, mais baixo.
Comer um cacho de uvas
Enquanto Roma jaz incendiada.
Dar as mãos a Daniel na cova dos leões.
Recusar-se a rolar os dados, girar piões.
Nadar em poças de calma.
A alma esvaziando-se calada.
Não há coisa mais eficiente
Que não fazer absolutamente nada.

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