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terça-feira, 30 de abril de 2013

VOU-ME EMBORA PRA PASSÁRGADA






Vou-me embora para Passárgada
Onde dizem que há um rei.
Vou-me embora daqui para lá
Porque esse governante misterioso
Que não conheço, mas dizem, eu sei
Ter por mim um certo apreço
E por isso todos querem agradar-me, 
Dão muitos vivas e aplausos
Para os poeminhas mais bobos
E os mais desinteressantes causos.

Bajuladores! No fundo querem, eu sei, 
Que eu conte seus quereres ao rei
Que possui tantos e tantos poderes
Que poderá suprimir querências,
Talvez curar uma dor de cotovelo
Com o poder de suas bruxarias
Ou com a força de suas ciências
Sumir-lhes com todas as mazelas.

Antes que me comecem a pedir favores
Vou fugir para aquela terra cantada pelo poeta
Vou-me embora para a encantada Passárgada
Que não é bela, a terra é preta, seca, estéril.
Lá não tem palmeiras, nem aves bonitas no céu.
Vou-me embora de mansinho, mas bem atento
Antes que descubram que aquele baixinho
O enfadado anão a que chamam de rei, sou eu.

E para frustrar de vez o seu torpe alento
Descubram ao ver meu peito arfante:
Meu reino é essa gaiola sem pássaro
Que balança vazia aqui dentro
Vazia, sem rouxinol, esta gaiola
Enferrujada e silente.

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