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terça-feira, 30 de abril de 2013

SUBO A LADEIRA






Subo a ladeira
(Não sei se a desço.)
Com a canseira dos bêbados
Para quem todo passo,
Ainda que medido,
É tropeço.

Subo a ladeira
Contando os anos de vida
Como se cada aniversário
Entre palmas, hurras e vivas,
Fosse uma festa
De despedida.

Subo a ladeira
Vendo os sábios agindo como tolos
Amando como perfeitíssimos idiotas
Como se não fosse certo murchar 
Logo na próxima semana
A rosa que hoje aqui brota.

Subo a ladeira
Vendo gente dando murro em ponta de faca
E machucando-se pra mostrar que pode amar
E amar e amar e amar e amar e amar
Como se para o sentimento ter valor
Ele precise ser como doença crônica
Das que não possuem remédio
Para aliviar sua dor.

Subo a ladeira
Pra ver melhor o dia nascer
Mas não entendo se o sol no horizonte
É o do fim do dia, o poente,
Ou a nascente fugidia, 
Pungente.

Subo a ladeira
(Não sei se a desço.)
Com a canseira dos bêbados de vida
E deixo-me flutuar, leve como uma pedra,
Ignorando, e adorando não saber,
Se o que faço é escalada
Ou descida.

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