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quarta-feira, 3 de abril de 2013

TODAS AS FLORES DESTE MUNDO




As migrantes sorridentes
Com sua arcada amarela
Seus dentes políticos
Seus sorrisos raquíticos
Sempre prontos para os holofotes
Como no sorriso da cobra e do lagarto
Sempre sensuais, prontas para o bote.

As balzaquianas ruivas
Afinando a voz, recatando os modos
Batalhando segurança e redenção
Deliciosas matriarcas hiperativas
Com seu corpo enrugado e tatuado
Aprendendo gírias adolescentes
Encantando incautos príncipes
Burocratas envelhecidos e flácidos
Timoneiros desencantados
Procurando qualquer canoa furada.

As mal amadas, abandonadas,
Que costuram bandeiras contra tudo e contra todos
Arrebanhando sectárias para sua causa mesquinha
Onde todos os homens são vilões, nunca prestam
Mas todas as noites esgueiram-se pelas arestas
Dos seus sonhos vulcânicos, tirânicos,
Rasgando-se em terríveis rompantes
Procurando os quintos dos infernos
Dos poemas de Dante.

Essas donzelas tão lindas
Pedem, imploram
Com sofreguidão
Que seus homens dos sonhos
Chamem-lhes de putas
Batendo-lhes com força
E uma delicadeza rara
De mão calejada
Estapeando-lhes
Não o rosto:
A cara!

As atrizes fracassadas
Que roubam candelabros
Nos saraus de Copacabana
E afanam jóias de família
Juntando lixo e luxo na mesma pilha
Prestidigitadoras performáticas
Pintam corpo, enfumaçam ambientes
E enquanto os crentes esperam
Seus comparsas engendram quimeras.

Vendem riso, verso e vulva
E o olhar cândido (porém vigilante)
Cabe-lhes como uma luva.
Negam o fel que lhes escorre pelas coxas.
Adaga encondida entre os seios murchos
E adornando os cabelos sujos
Trazem a mais bela flor roxa.

São todas necessárias
Cactos que um dia esperamos florir
Como a flor solitária no meio da encruzilhada.
Passe por ela, contemple, e siga adiante
Porque se colhê-la, terás dias de incríveis
De uma felicidade imensa e inesperada
Efêmera como a vida, hoje radiante,
Amanhã murcha, despetalada.

[...]

Pouco sabem vocês,
Benditas camponesas
Que passamos a vida interia
Perseguindo um conto de fadas
Só que às avessas.

Nosso final feliz
Não exige uma princesa.
Sabemos que, na vida real,
A carne hoje rija
Amanhã estará murcha
Por isso bem mais interessantes
São as bruxas!

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