Fico feliz em tê-las
Ao alcance das mãos.
Toco o vértice agudo e brilhante
E deixo-lhe roçar a carne dura
Escavando como quem procura
Algum tesouro enterrado.
Observo estrelas.
Fico feliz em sabê-las
Mortas como estou agora.
Toco o vértice, a ponta reluzente
Que pende na escuridão
Perante meus olhos cansados
Que em breve estarão, para sempre, cerrados.
Observo estrelas.
Sei que poderei tocá-las.
Em breve serei uma delas.
Toco a pontiaguda extremidade
Que fere meu dedo sem dor
E com o sangue que brota nesta hora
Faço versos sem culpa, sem pudor.
Observo estrelas.
Digo adeus sem ir embora
Misturando o hoje com o outrora.
Toco o vértice iluminado.
A luz morta que emana delas,
Essa luz que vemos hoje no firmamento,
Brilha morta, mas linda, sem lamentos.
Observo estrelas.
Brilham, mas são finadas.
Sua luz vem de longe,
Da fonte do vazio e do nada.
Toco-lhes as pontas de diamante.
As arestas afiadas, mortais e belas.
Logo, logo, serei brilhante como elas.
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