De pulso,
principalmente.
Pois os de correntinha
para o bolso da casaca
já não se encontram mais,
estão fora de moda:
o tempo engolindo as casacas
mastigou junto os relógios,
nem a correntinha sobrou...
Mas voltemos ao pulso,
que a hora vige (urge)
cortando os pulsos, digo,
fatiando as horas como se quer
e é preciso contar as coisas,
antes que elas - as coisas -
se esfarelem no tempo.
Eu dizia que todo homem precisa
de um relógio, de pulso.
Não pelo relógio, nem pelo tempo perdido
em tentar contar as horas, intermináveis.
Não, o relógio de pulso
não servirá para absolutamente nada
além de estar ali, no pulso, sentindo ele mesmo - o relógio -
que ele não é nada, mas sob ele pulsa um milagre, um homem,
cuja consciência do tempo inventou palavras
como finito e infinito, perene e fugaz.
Sim, embaixo da caixa do relógio,
utensílio que em vão marca as horas,
há pele e pêlo, e vontade, e coragem, e medo,
tudo muito bem organizado nesta máquina delicada,
finita, bonita, cuja consciência do eterno
é o princípio e fim de todos os tempos,
e enfim a suprema justificativa
para que o homem use o relógio,
e não o contrário.
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