Já não é insônia,
mas um acordar breve que nem é mesmo um acordar,
mas se atreve a ser o despertar de um sonho acordado neste fuso difuso
que é o meu tempo de estar sempre alerta ou desperto ainda que em mim durmam
coisas estranhas, imensas, que penso serem fruto apenas do vinho de ontem,
dos ácidos de outrora, das horas tensas em que passei pensando em sexo,
fazendo sexo, ou perdendo o nexo causal de coisas que, reificadas, reinam
onde a coisa não vige, afligem-se os átomos deste eu-póstero, talvez póstumo,
este eu-agora que me foge do espelho, velho companheiro de andanças petrificadas:
não há caminhos na paisagem guardada na foto.
Já não é insônia,
mas um desfalecer que escorre pelos cantos de cada hora passada em claro
ouvindo música, assistindo um filme, bebendo mais um copo de cólera, desistindo da vida,
tramando mortes secretas ou nem tanto, cantando aquelas cantigas sem letra nem som,
que a gente mastiga rangendo dente com dente, a têmpora latejando em agonia,
macerando sonhos, procurando paz, boiando na foz de uma verdade conquistada
sem esforço, martelando arquétipos, saqueando arcabouços de construções imperfeitas,
o ato-efeito de pensar e repensar o insondável,
para depois não pensar em nada,
o que já é muita coisa.
Já não é insônia,
mas uma viagem, uma busca, interrompida quando o oráculo estaca
numa página aberta, numa foto que talvez seja a de uma flor,
uma vulva, um tótem, um bicho estranho, com a legenda:
'macro de um lírio-tigre-rosa com foco sobre o estame de pólen'.
Paro, olho, tudo faz sentido e eu já nem faço questão de entender nada.
'Macro de um lírio-tigre-rosa com foco sobre o estame de pólen.'
A legenda da foto é o verso que faltava. O poema que não fiz.
E em algum lugar desta vigília, dorme (e sonha)
um poeta fracassado, mas feliz.
mas um acordar breve que nem é mesmo um acordar,
mas se atreve a ser o despertar de um sonho acordado neste fuso difuso
que é o meu tempo de estar sempre alerta ou desperto ainda que em mim durmam
coisas estranhas, imensas, que penso serem fruto apenas do vinho de ontem,
dos ácidos de outrora, das horas tensas em que passei pensando em sexo,
fazendo sexo, ou perdendo o nexo causal de coisas que, reificadas, reinam
onde a coisa não vige, afligem-se os átomos deste eu-póstero, talvez póstumo,
este eu-agora que me foge do espelho, velho companheiro de andanças petrificadas:
não há caminhos na paisagem guardada na foto.
Já não é insônia,
mas um desfalecer que escorre pelos cantos de cada hora passada em claro
ouvindo música, assistindo um filme, bebendo mais um copo de cólera, desistindo da vida,
tramando mortes secretas ou nem tanto, cantando aquelas cantigas sem letra nem som,
que a gente mastiga rangendo dente com dente, a têmpora latejando em agonia,
macerando sonhos, procurando paz, boiando na foz de uma verdade conquistada
sem esforço, martelando arquétipos, saqueando arcabouços de construções imperfeitas,
o ato-efeito de pensar e repensar o insondável,
para depois não pensar em nada,
o que já é muita coisa.
Já não é insônia,
mas uma viagem, uma busca, interrompida quando o oráculo estaca
numa página aberta, numa foto que talvez seja a de uma flor,
uma vulva, um tótem, um bicho estranho, com a legenda:
'macro de um lírio-tigre-rosa com foco sobre o estame de pólen'.
Paro, olho, tudo faz sentido e eu já nem faço questão de entender nada.
'Macro de um lírio-tigre-rosa com foco sobre o estame de pólen.'
A legenda da foto é o verso que faltava. O poema que não fiz.
E em algum lugar desta vigília, dorme (e sonha)
um poeta fracassado, mas feliz.
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